30 coisas que você não sabia sobre a
Invasão Corinthiana ao Maracanã
Trinta
curiosidades sobre o maior deslocamento de uma torcida para assistir uma
partida de um evento esportivo em todo o mundo. Nem em Copas do Mundo esse
recorde foi batido, e nunca será porque isso só a Fiel Torcida é capaz.
A Invasão Corintiana
30 coisas que você não sabia sobre a Invasão Corintiana no Maracanã, ocorrida
há 30 anos.
Corinthians entra em campo para semifinal Títulos importantes, cada time tem os
seus. Uns mais, outros menos. Ídolos, também. Mas torcida não. Discorda?
Como equiparar, então, a torcida do Corinthians, que levou 75 mil pessoas ao
Maracanã em uma semifinal de Campeonato Brasileiro? Mesmo tendo um time
infinitamente inferior ao do Fluminense, o rival de então. Mesmo vivendo um
jejum de 21 anos e nove meses sem títulos importantes.
5 de dezembro de 1976. E nem final era. A “Invasão Corintiana”, como aquele
evento ficou famoso, foi mais do que um jogo de futebol. Foi um evento social e
popular. Foi uma nova referência de estudo para psicólogos. Foi um case de
marketing.
Um fenômeno que nunca mais vai se repetir. Se você duvida disso, a Invicto
conta 30 histórias que mostram por que a Invasão, há exatos 30 anos, foi algo
especial. Sem precedentes e sem repetições.
1 O primeiro ônibus da Gaviões da Fiel que saiu de São Paulo em direção ao Rio
estacionou na Quinta da Boa Vista às 9h30. De sábado
2 Levantamento feito nos quatro pontos de pedágio entre São Paulo e Rio estimou
em 60 mil os corintianos que fizeram o trajeto pela Via Dutra. Outros 15 mil,
segundo os mesmos cálculos, usaram outras rodovias. A viagem mais longa foi a
de um grupo de torcedores que saiu de Goiás: 1.320 quilômetros, em 18 horas
3 O Corinthians desembarcou no Galeão às 14h45 de sábado e foi recepcionado por
dez mil torcedores. As TVs e rádios do Rio fizeram insistentes pedidos para que
os torcedores não fossem mais para lá
4 Se, de avião, a viagem São Paulo-Rio durou só 40 minutos, o Corinthians levou
quase duas horas no trajeto entre o aeroporto e o Hotel Nacional, em São
Conrado. O ônibus empacou várias vezes no caminho porque os corintianos
invadiam as ruas para saudar o time
5 Ao entrar no Hotel Nacional, outra surpresa: as bandeiras do Brasil que
ficavam expostas no lado de fora do saguão foram arrancadas pelos fãs. E
trocadas por emblemas do Corinthians
6 A recepção da torcida no hotel foi tão surpreendente e calorosa que o
presidente corintiano, Vicente Matheus, então aos 68 anos, chorou copiosamente.
Pouca gente viu. Ele se escondeu para não enervar o grupo. De pijama, o próprio
Matheus deixou seu quarto às 3h de domingo pedindo aos torcedores para diminuir
o barulho e deixar o time descansar
7 Na tarde de sábado, cerca de 15 torcedores tentaram colocar uma bandeira do
Corinthians de 50 metros de extensão no Cristo Redentor. Alguns deles tentaram
escalar as laterais do Cristo para colocar a bandeira, quando a radiopatrulha
chegou e impediu o plano
8 Tomada pelos torcedores vindos de São Paulo, Copacabana parou seu trânsito na
madrugada de sábado para domingo
9 Atletas e comissão técnica dormiram tarde na véspera da partida. O técnico
Duque chamou um pai-de-santo para “iluminar” os jogadores. Houve até princípio
de incêndio com a queda de uma das velas no quarto reservado para o ritual...
10 ...que rolava também fora dali. As praias de Copacabana, Ipanema, Leblon e
Botafogo amanheceram no domingo forradas de garrafas, velas e outros
apetrechos. Era a macumba dos torcedores corintianos tentando garantir força
extra na decisão
11 Boa parte das estátuas do Rio tinha bandeiras do Corinthians no domingo
12 Alguns corintianos foram ao Rio de bicicleta. E um, pelo menos, saiu de São
Paulo e foi ao Maracanã a pé
13 A presença corintiana nos aeroportos e rodoviárias do Rio foi tão grande que
algumas companhias receberam os torcedores com pequenas flâmulas do time
visitante
14 “Operação Corinthians”. Assim foi batizada toda a operação da polícia do Rio
de Janeiro na partida
15 Até um aborto foi feito na enfermaria central do Maracanã. Era uma
corintiana de 22 anos, que começou a perder sangue na arquibancada por volta
das 14h30. Ela foi transferida à maternidade Fernando Magalhães e não pôde ver
a partida
16 Todas as camisas do Corinthians, tanto dos titulares
quanto dos reservas, foram benzidas antes do jogo
17 O Corinthians costumava sofrer nos pés tricolores desde que perdera Rivelino
para as Laranjeiras, no começo de 1975. Em quatro jogos, foram duas derrotas (4
a 1 e 2 a 1), um empate (0 a 0) e só uma vitória (2 a 0)
18 Duque, o supersticioso técnico corintiano, fechou o vestiário do time
imediatamente ao chegar ao estádio. O motivo? Ele viu um homem de camisa preta,
cor que poderia levar azar à equipe
19 Ruço, o autor do gol corintiano, arrumou briga em casa antes de consagrar a comemoração
em que mandava “beijos doces” para a torcida. “Minha mulher ficou danada.
Chegou a dizer que eu mais parecia um doido”, conta. Ele era também o atleta
mais descontraído do grupo. Ruço e o zagueiro Moisés viviam infernizando os
colegas
20 O volante Givanildo, principal nome corintiano, jogou com uma febre de quase
40 graus. Foi substituído por Basílio no segundo tempo
21 A chuva que alagou o gramado no intervalo quase fez o jogo ser adiado. O
segundo tempo só começou 26 minutos depois do final da primeira etapa. O
Fluminense queria a partida em uma nova data. O Corinthians, com um time menos
técnico e que poderia levar vantagem com o terreno prejudicado, bateu o pé.
Vicente Matheus alegou que não admitiria tamanha falta de respeito com a torcida
no Maracanã
22 Impecável em campo, o lateral-esquerdo Wladimir, do Corinthians, chegou a
ser aplaudido até mesmo pela torcida do Fluminense. Ele jogou de chuteiras
verdes naquele dia
23 Tobias, goleiro do Corinthians, esteve perto de nem mesmo defender o
alvinegro. Ele foi contratado pelo São Paulo no fim de 1975, mas uma manobra de
Vicente Matheus mudou a história
24 No tempo normal, Tobias levou uma pancada na lombar e foi para os pênaltis
sem estar 100% fisicamente. E mesmo assim pegou três cobranças, duas de
Rodrigues Neto (uma precisou voltar, porque ele se mexeu) e outra de Carlos
Alberto Torres. Ambos eram apontados como dois dos melhores batedores da época.
Tobias tinha boa fama nos penais antes mesmo daquela partida. Pelo Guarani, em
1974, defendeu cobrança de ninguém menos que Pelé
25 O Corinthians nem precisou de sua quinta cobrança. Caso houvesse a
necessidade, o encarregado seria Basílio
26 No Fluminense, Carlos Alberto Torres foi inicialmente escalado para bater a
última penalidade. Mas pegou a bola para cobrar já a segunda porque Rodrigues
Neto havia perdido a primeira
27 Corintianíssimo, Paulo Egídio Martins, então governador de São Paulo,
resolveu presentear, do próprio bolso, o elenco alvinegro. A vaga à final foi
tão sofrida que ele mesmo propôs aumentar a quantia
28 Rivelino, o craque do Fluminense, foi o último a deixar o Maracanã naquela
noite. Chegou-se a especular que era medo de apanhar da torcida. “Que nada, eu
estava no antidoping”, explicou
29 A derrota para o Corinthians desmontou o time que era chamado de “Máquina
Tricolor”. Tanto que o Fluminense, campeão do Estadual do
Rio em 1975 e 1976, só voltou a ganhar a competição em 1980
30 A delegação corintiana foi recepcionada em Congonhas na manhã de
segunda-feira por cerca de oito mil torcedores. A avenida Rubem Berta virou um
extenso cordão alvinegro. O ônibus que levou o elenco ao Parque São Jorge foi
invadido em movimento, e cerca de dez torcedores “surfaram” no ônibus até
chegar ao Tatuapé.
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